quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

o príncipe

era uma vez um Príncipe Azul (azul por causa da história da "Princesa-que-tinha-uma-luz-por-dentro"*). Vivia num castelo branco, com portas vermelhas e o chão cor de laranja.
O Príncipe não era azul, tinha um manto azul, de veludo fofinho, sempre nos ombros, abotoado com um botão dourado. A coroa também era ouro, com aquelas partes, as ameias da coroa, com rubis, por causa de serem vermelhos para dar com as portas (as portas da nossa casa são as ameias da terra, do lugar encantado onde moramos).
O Príncipe era tão lindo, tão lindo, tão lindo, que por ser tão lindo não havia princesa que não quisesse casar com ele:
- Príncipe Adorado:
sou bela e formosa
gentil e habilidosa...
queres casar comigo?
O Príncipe também andava à procura da Princesa dele. Era preciso ter principezinhos para continuar a dinastia, mas não podia ser uma princesa que se oferecesse por ela, tinha que ser uma oferecida pelos céus, pelo fado, pela fada madrinha do Príncipe.
O que é que ele fez?
Pediu uns pozinhos de pirlimpimpim na loja das coisas mágicas e quando acordava bem disposto e mais bonito bebia os pozinhos diluidos em chá de lúcia-lima por causa do perfume. Dirigia-se para ao pé do rio e esperava vinte minutos, meia hora para que os pozinhos fizessem efeito.
Transformava-se num Sapo.
E ficava sereno na margem, à espera que passasse por ali alguma donzela.
Passou uma, uma vez, mais ou menos bonita, que ficou ali uma horita a admirar o rio, mas estava distraída, viu o sapo, mas também viu as plantas, os reflexos da água, os peixes, tudo, os barulhos dos pássaros e do vento a passar nos ramos.
Outros dias estiveram ali outras Princesas, mas o Sapo passava despercebido no meio da natureza que por acaso era bastante bonita naquela zona.
O Príncipe continuava, nos dias em que estava bem disposto, a caminhar até ao rio com o efeito dos pozinhos de pirlimpimpim transformado em Sapo.
Noutro dia passou outra vez a mesma Princesa que lhe tinha despertado mais a atenção entre todas, ela até se sentou um bom bocado, cantou e o Sapo Príncipe até ficou deliciado com a voz dela, ficou bem perto, assim na frente dela e ela cantava e olhou para ele bastantes vezes. Estava admirada dele estar ali, sereno, sem medo. Os animais normalmente fogem quando alguém vem perturbar o sossego deles. Até lhe dirigiu a ele uns sons da canção.
Ele até pediu a outro sapo que saltasse e salpicasse a Princesa, podia ser que ela se lembrasse que os Príncipes encantados estão disfarçados de Sapos nas margens das águas. A ela nem lhe passou pela cabeça isso, beijar o Sapo, porque os sapos são muito menos bonitos que os Príncipes e isso, ela pensava que eram coisas dos livros de histórias de encantar que a ama lhe lia de vez enquando.
Alguém a chamou, lhe lembrou que a noite estava a chegar e ela levantou-se despediu-se do Sapo com um sorriso e foi-se embora.
O Príncipe voltou para o castelo, está lá à espera que chegue a nova remessa de pozinhos de pirlimpimpim que entretanto se esgotaram, ele ficou sem o contacto da Princesa, não lhe podia pedir o número do telemóvel nem o email para falar com ela. Os Sapos falam uma língua esquisita que os Príncipes Encantados não sabem falar e as Princesas não entendem.
Até breve!

*livro de Afonso Melo

4 comentários:

a.mar disse...

há uma coisa que eu não contei como deve ser, não é muito bem feito...
o Principe não pediu ao outro sapo que salpicasse a princesa, ele não sabe falar a lingua dos sapos, empurrou-o, mas isso não se conta, não é nada bem, embora tenha sido feito por uma boa causa

da. disse...

...talvez haja uma outra maneira de falarem...para além da que conhecemos..talvez tenha algo a ver com o coração, não?...

a.mar disse...

nós estamos vivos, a nossa energia co-habita no mesmo tempo e no mesmo espaço, este universo, os nossos corações batem, emitem ondas que se expandem...

jorge disse...

"a magia das palavras está no som das palavras , na sua musica .....ola princesa ! disse o passaro -do céu balançando-se de simpatia , ora num pé ora noutro ,.. tive saudades tuas "