quarta-feira, 26 de abril de 2006


Há as flores que trazem dentro a sementinha e dão fruto
e há as flores cujo fruto é a beleza.
A primeira cereja...

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Descendemos do Primeiro Ser Vivo do Universo

domingo, 16 de abril de 2006

o primeiro nó

queremos ser livres
desligamos os fios conectados com o passado
desligamos os fios conectados com o futuro,
e ligamos os fios a nós próprios
para andarmos à deriva,
de encontro aquilo que encontrarmos
bate-nos com mais ou menos força
e, consequentemente, vamos mais o menos longe

porque é que nascemos dum cordão umbilical?

terça-feira, 11 de abril de 2006

tecido

cobre-me um tecido
de linhas, interligações
entre corações a bater ao redor de mim

vivo aqui no meio

para onde todos vão, eu vou

são fibras ópticas e tácticas
dos olhos e do tacto e das respirações
que nos mantêm unidos, sintonizados

aquilo que todos já disseram, eu opto por dizer de novo
com a minha voz
e ponho as palavras outra vez em marcha
neste circuito tecido das linguagens
são ondas, vibrações, fibroses

sabes se as aranhas quando fazem as teias se passam por cima e por baixo dos fios,
se tecem como nós tecemos nos teares, ou o fio só de encostar fica preso?

sábado, 8 de abril de 2006

a Natureza deu-os

eu não pedi os jardins
e a Natureza deu-os, cheios de perfumadas cores das flores,

eu não pedi os rios,
a Natureza deu-os, a água, fertilizou as terras,

eu não pedi os meus braços,
a Natureza deu-os, deixa-me com eles nadar no Mar,

eu não pedi os melros
a Natureza deu-os, são a melodia, a música pelo correr do dia,

eu não pedi os sons
e a Natureza deu-os, os das palavras, a Poesia, outras melodias,

e eu não pedi os diferentes de mim
e a Natureza deu-os, sinto-me especialmente igual a eles na minha unidade

a Natureza deu-os, permite estes encontros com coisas únicas,

e com Amor

e deu a capacidade de sentir
o Amor por cada coisa
da Natureza
neste Universo nosso. a.mar

quarta-feira, 5 de abril de 2006

E as plantas das terras, a florescer...
As águas cresceram
e invadiram as terras,
as formigas tiveram que fazer túneis e casas novas

estas flores vão ser cerejas

Apesar da chuva de hoje,
assim que o Sol
começou a aquecer mais um bocadinho,
as Árvores
começaram logo a encher-se de rebentos verdes de folhas aos molhos
para providenciar a bela sombra,
muito agradável aos nossos passeios
a ver as flores
e a arejar a pele.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

das bolhas de ar

A propósito das bolhas de ar "que a água que cai provoca na água que já lá está."
"Já alguma vez viram a espuma ou as bolhas de ar à superfície da água? Algumas conseguem manter-se à superfície da corrente durante um quarto de segundo, ou meio segundo, outras mantêm-se cerca de um minuto, até que, por fim, desaparecem. Neste mundo, através do tempo e do espaço, conseguirão vocês encontrar uma só coisa que não seja uma bolha de ar? Conseguem?
Esta mão parece ser minha, aparenta ser sólida e estável enquanto mantiver a sua própria forma, mas daqui a trinta anos já não será minha. Não será uma mão, mas um minúsculo pedaço de terra, de fumo ou de ossos. Mesmo os ossos não serão capazes de se manter como ossos. Portanto, esta mão não é realmente minha, mas uma espécie de bolha de ar à superfície de um rio que, constantemente, flui. Este corpo inteiro, este edifício, esta cidade, este país, este universo e todos vocês... tudo isto é como uma bolha de ar à superfície da corrente desse mesmo rio. Não é? Não seremos?
Conseguem descobrir uma só pedra que não seja efémera? Tudo se transforma, desaparece e, incessantemente, nasce de novo, numa completa inter-relação com tudo e com todos os seres. Em terminologia budista, chamamos a isto o "Vazio". Ao fim e ao cabo, não conseguimos encontar nada que não seja uma bolha de ar."

"Folhas caiem, um novo rebento"
Hôgen Yamahata

sábado, 1 de abril de 2006

estas flores vão ser maçãs

Ao “O Almonda”
agradeço desde já a atenção e a publicação deste agradecimento.






No Teatro Virgínia:
Ibéria – A louca história de uma península
do Teatro Peripécia.

Ontem, 25 de Março, fui, como costume meu, até ao Teatro Virgínia.
Muito agradeço eu, sempre que para lá me dirijo, o facto de ter sido reaberto e me dar a oportunidade de assistir a um bom, ou melhor, óptimo, conjunto de encontros com lugares e personagens fantásticos. Agora já não é necessário percorrer a longa distância até à grande cidade, os bons espectáculos vêm até aqui à cidade grande no nosso coração.
Eu gostava de ver aquela sala sempre cheia, os actores fazem o trabalho fantástico de nos transportar para esses lugares e essas histórias mais ou menos reais, em tempo real, em corpo presente. Eles merecem a nossa presença e nós enriquecemos a cada emoção que nos fazem sentir. É um presente que damos a nós próprios deslocarmo-nos por esses tempos diferentes daqueles em que vivemos.
Este espectáculo em particular falava duma história entre os dois países desta península. Uma apresentação tão simples num palco vazio de objectos, só com a luz dos projectores e três fantásticos actores e um saco de plástico com alguns utensílios de teatro e um panfleto de instruções. E como eles tão simplesmente contaram as histórias destes habitantes destas terras ibéricas nos tempos passados. Quem foi ver com certeza tem idêntica opinião, simplesmente fantástico o trabalho destes três actores!
Muito obrigado!
Bem hajam aqueles que me proporcionam esta possibilidade:
os Actores e Bailarinos e Músicos e Técnicos;
as Companhias;
o Teatro Virgínia;
a Câmara Municipal, o Governo Português, a Comunidade Europeia;
e claro, aos meus pais, Adriano e Conceição.

Margarida