sexta-feira, 19 de maio de 2006

E

quando ultrapassamos uma quantidade de anos de vida temos que desaprender as coisas todas que tínhamos adquirido.
Se a uma dada altura o corpo não existe e tudo se passa à velocidade da transmissão eléctrica de neurónio em neurónio, depois de ultrapassar essa quantidade de anos, inevitavelmente, é o corpo que nos desacelera.
São os ossos que se deformam e desaprendemos o agarrar das coisas e a flexibilidade dos movimentos.
Em vez de sermos nós a cuidar da nossa vida, é alguém que esteja connosco que tem esse papel, tal como quando éramos bébés.
Até se chega a ter que usar a fralda e a terem que nos dar banho.
Tal como uma criança dependente tem que ser arrumada no jardim de infância, a idade arruma-nos num lar.
Aqueles que vivem à velocidade dos neurónios não têm o tempo lento dos que vivem ao sabor e com o peso das dores acumuladas no corpo.
Aprende-se muita coisa que se tem que aprender mais tarde que se tem que desaprender para continuar a viver.

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