terça-feira, 16 de junho de 2009




"Algumas pétalas sobre o tatami

Rikyu, o fundador da cerimônia do chá da escola de Chanoyu, recebeu um dia, de presente, flores belíssimas: tsuba kides, da parte do chefe do templo vizinho de Daitoku-ji, em Quioto.
Trouxe-lhas um jovem monge, que, bem defronte da sala de chá, deixou cair as belas flores no chão. Todas as pétalas se destacaram de golpe, ficando apenas os caules. O jovem monge, confuso, desculpou-se junto de Rikyu, que respondeu:
- Entra na sala de chá.
Defronte do nicho, o tokonoma, Rikyu colocou apenas um vaso de ikebana vazio. A seguir, enfiou nele os caules das flores, e, no chão, sobre o tatami, por toda a volta do vaso, dispôs hamoniosamente as pétalas.
Era muito bonito, natural, simples. Disse,então, Rikyu ao mongezinho:
- Quando me trouxeste essas flores, elas era shiki: shiki soku ze shiki (o fenômeno é o fenômeno). Ao caírem, tornaram-se ku, já não haviam flores: shiki soku ze ku (o fenômeno é ku, nada). De acordo com o senso comum, elas poderiam ter continuado tais e quais: fu soku ze ku, ku é ku (o nada é nada). Agora porém, embelezaram o aposento: ku soku ze shiki, ku - nada é o fenômeno.
"Com nada, este aposento ficou lindo, muito mais bonito do que se se empregassem inúmeros elementos de decoração. Apenas algumas pétalas dispostas sobre o tatami, ao redor de um vaso sem flores no tokonoma".
Essa história reflete o espírito da cerimônia do chá."

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