quinta-feira, 6 de maio de 2010

continuação...







"Eterna nostalgia encarnada em erva e árvore.
(...)

Mesmo que seque no deserto,
mesmo que o novo rebento gele na mais inóspita extensão do seu destino,
mesmo que a pequena extremidade apareça débil e trémula,
à sombra de uma rocha nevada no primeiro verão,
no fundo de um vale serrano desconhecido.
Uma e outra vez, cresce penetrante em direcção ao céu,
silenciosa, firme, limitada, infinita,
sem movimentos desnecessários.

Algumas, inatas, são direitas, verticais,
e sob o chão da sua floresta de inverno,
as suas raízes comunicam profundamente e mutuamente se ajudam.

Algumas dançam freneticamente sem movimentos,
lançando centenas de braços e milhares de pernas-raiz
nas dez-direcções,
e a peça de teatro das suas formas mágicas,
propaga a voz da terra."

continua...
in "Folhas caiem, um novo rebento"

3 comentários:

Vítor disse...

A cabeça das árvores é a raiz e os galhos são os corpos virados de cabeça pra baixo, esperando serem fecundadas pelo sol. A terra é um verdadeiro harém para o sol.

a.mar disse...

à mãe!

a.mar disse...

a Terra - a cabeça,
nós, as plantas - o corpo e membros.

Tudo se resume a criação?