domingo, 15 de agosto de 2010

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"Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,

Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.


Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?


Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.


Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!"

Alberto Caeiro





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1 comentário:

Vítor disse...

Todas as formas são de mentira, todas as realidades são vir a ser, todos os seres compartilham da tentativa de permanecer.