sexta-feira, 10 de abril de 2015

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ESTÉTICA DO DESALENTO

Já que não podemos extrair beleza da vida, busquemos ao menos extrair beleza de não poder extrair beleza da vida. Façamos da nossa falência uma vitória, uma coisa positiva e erguida, com colunas, majestade e aquiescência espiritual. Se a vida [não] nos deu mais do que uma cela de reclusão, façamos por ornamentá-la, ainda que mais não seja, com as sombras de nossos sonhos, desenhos a cores mistas esculpindo o nosso esquecimento sobre a parada exterioridade dos muros. Como todo o sonhador, senti sempre que o meu mister era criar. Como nunca soube fazer um esforço ou activar uma intenção, criar coincidiu-me sempre com sonhar, querer ou desejar, e fazer gestos com sonhar os gestos que desejaria poder fazer."
 Livro do Desassossego - Bernardo Soares In Fernando Pessoa. Livro do Desassossego, Edição de Richard Zenith, Assírio, & Alvim.
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9

2 comentários:

Baila sem peso disse...

Como eu entendo este desassossego...
E num comentário eu escrevi p`ra ti:

- Na sombra do verde...
A claridade não se perde!-

...porque no sonho da gente
A beleza é movimento
O desalento é esquecimento
E ornamentamo-lo
Até com o som do vento...

Que esteja tudo bem Florinha
Fica feliz, saudade e deixo.te ternurinha! :)

a.mar disse...

"com o som do vento" e com o brilho das estrelas!
Obrigada, Leve Bailarina!
Beijinhos!