sexta-feira, 2 de junho de 2006


2 comentários:

Pedro Antunes disse...

A cena que me mandaste á primeira vista parece “inocente”, mas bem observado logo notamos que tem algo de reaccionário, são com estas pequenas brincadeiras tentam desacreditar a esquerda.

A fábula não representa a realidade, mas como é contada parece que é a verdade absoluta. O que se passa hoje no nosso país é que os que mais trabalham mal ganham para sobreviver, enquanto os senhores do grande capital vivem folgadamente á custa de quem trabalha. Nos nossos dias, um trabalho parece que é um favor que os patrões fazem ao trabalhador. Na realidade é uma troca e essa troca deve ser justa. Há quem diga até que o país está entregue á máfia, talvez esta máfia seja o capitalismo e as politicas de direita.

Olha, aconselho-te a tentares ver o documentário de 1976, Continuar a viver – Índios da meia praia. A banda sonora deste documentário é a musica “Índios da meia praia” escrita por Zeca Afonso. A musica retrata bem o filme.

Alexandra Baptista disse...

Aqui vai uma ajudinha:

Os Indios Da Meia Praia
by Zeca Afonso
album:
"Os Índios da Meia Praia"

Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço

De Montegordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré

Quando os teus olhos tropeçam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê peças de oiro
Caindo na lota

Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana

Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo

Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia

Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado

Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado

Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrário é tolo

E se a má língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia

Foi sempre tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas

Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas

Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua

Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar para trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz

Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrário é tolo

E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada