competição de aromas no quintal

"O pólen também pode ser sexi. No caso da lagarta do girassol, quando as fêmeas virgens são expostas ao odor do pólen começam a fazer sinais aos machos mais cedo e passam mais tempo a sinalizar. Mais tarde, uma maior número dos seus ovos amadurece.
Esta acção combinada de alimento, cheiro e sexo é um tema constante. Algumas flores cheiram como feromonas sexuais de uma borboleta; a abelha carpinteira macho atraia a fêmea com uma feromona que cheira como uma flor - suficientemente boa para consumo. (Um químico é considerado como sendo uma feromona quando é usado como comunicação entre pelo menos dois membros da mesma espécie.) Através de milénios de mímica e exploração, os voláteis das flores e as feromonas dos insectos co-evoluiram, com flores a imitar feromonas e as feromonas a imitar as flores. (...)
O facto de tantas coisas cheirarem umas como as outras faz parte da eficácia da natureza. Um componete que funcione aqui, funcionará ali também. Provimos todos da mesma sopa primordial. Os poetas, que equacionam uma coisa com outra, frequentemente fazem eco aos cientistas. As comparações são reais. As metáforas são químicas. No poema lírico da Biblia, o Cântico de Salomão, o odor é a linguagem do amor: « O meu amado é para mim uma bolsa de mirra sobre meus seios; o meu amado é para mim como um cacho florido de hene dos vinhedos de Engadi.»
As flores de hena, tília e castanheiros cheiram a sémen. A mirra tem um cheiro comparável ao dos óleos secretados por glândulas do coro cabeludo humano.

Queremos cheirar como uma rosa. Queremos cheirar como uma flor de hena."
in "Anatomia de uma rosa" de Sharman Apt Russell