quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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« - Yang Zhu disse: "Cem anos é a longevidade máxima, que menos de uma pessoa em mil atinge. Para aquele que  a atinge, uma infância de que é preciso cuidar e uma velhice confusa e impotente ocupam a metade do tempo. O nada das noites passadas dormindo e o desperdício dos dias passados a cochilar ocupam a metade do que resta. Dores, doenças, lutos, males, perdas, fracassos, tristeza e preocupações também ocupam a metade do que resta. Só sobra uma hora livre de qualquer preocupação nos dez anos e pouco deveriam restar para a pessoa. Isso é vida? Onde está a alegria? Na beleza, na bondade, nos sons, nas cores? Beleza e bondade não são eternas. Os sons e as cores cansam. Além do mais, recompensas e castigos estimulam e freiam, renome e leis impõem obrigações. Pertubada, a pessoa desperdiça o seu tempo para obter elogios vazios e honras póstumas. Renuncia aos prazeres dos ouvidos e dos olhos em nome dos princípios relativos ao corpo. Perde a alegria suprema do presente, incapaz de dominar, nem que seja uma hora, o instante. É semelhante vida melhor que a de um preso acorrentado?. Conhecia-se na Alta Antiguidade a brevidade da vida que todos sabiam que se apressava à morte. É por isso que os actos estavam de acordo com os sentimentos. Ninguém resistia às suas inclinações. Ninguém repudiava o que agradava ao corpo. É por isso que ninguém procurava o renome e todos se deixavam guiar pela natureza. As pessoas deixavam que as inclinções se realizassem. Uma vez que o renome póstumo não era procurado, os castigos não tinham efeito. Não havia preocupações com os elogios passados ou futuros, nem com a duração da vida."»

in "tratado do vazio perfeito" de Lis Tse
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