sábado, 5 de setembro de 2009

"(...)
As minhas ideias pessoais mantêm-se iguais ao que sempre foram. A vida é muito dura, muito agreste, brutal, curta demais, feia e má e, no fim, não há esperança que nos salve. A isto eu chamo de realismo. Eu sei que estou apenas a ser realista. (...) Sinto mesmo que a nossa maior obrigação na vida é aceitar o facto de que a vida não quer dizer nada, é vazia, que somos resultado de um acaso tendo por fundo um universo que também não tem significado nenhum. Universo esse que, claro, também vai acabar como tudo o resto. (...)
Sou ainda suposto acreditar que, por cima de tudo, há um deus a proteger-nos, omnipotente. Ou pior, que o amor é capaz de salvar tudo, que a arte é eterna, que os artistas têm um lugar especial no céu; ou outro amortecedor qualquer que passamos de uns para os outros para aliviar a crueldade dos factos. É preciso olhar estas realidades nos olhos e, apesar delas, encontar o nosso caminho. É por isto que não me vejo como pessimista ou´cínico. Quem me acha pessimista é que vive debaixo de uma enorme ilusão. Essas pessoas, não percebo... Venderam a si mesmas uma verdade sobre o significado final da existência, quando toda a gente sabe que, lá para o fim, não há boas novidades para ninguém. Lá para o fim é tudo muito decepcionante.
(...)"
Woody Allen in Expresso

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