sexta-feira, 15 de maio de 2009

"O estado do self vai sendo construído, em cada momemto, a partir da base. É um estado de referência evanescente, reconstruído de um modo tão contínuo e consistente que o «proprietário» nunca sabe que está a ser refeito, a não ser que algo corra mal durante o processo. A sensação de fundo agora, ou a sensação de emoção agora, bem como os sinais sensoriais não corporais agora, acontecem ao conceito do self tal como instanciado na actividade de múltiplas regiões cerebrais. Todavia, o nosso self ou, melhor ainda, o nosso meta-self só «conhece» esse «agora» um instante depois. As afirmações de Pascal sobre o passado, o presente e o futuro com que iniciei o capítulo Oito captam essa essência de uma maneira lapidar. O presente transforma-se continuamente em passado, e quando nos apercebemos dele já nos encontramos noutro presente que foi gasto a planear o futuro que concretizamos sobre alpondras do passado. O presente nunca está aqui. Estamos irremediavelmente atrasados para a conciência.

O Erro de Decartes
António Damásio"

1 comentário:

Léah MorMac disse...

Olá Ana Margarida:
Há muito tempo acompanho seu blog, suas postagens.
Gosto muito,
um abraço
Léah